sexta-feira, 20 de junho de 2008

LENDAS DA PENHA

Sendo o convento de Nossa Senhora da Penha o mais notável monumento religioso do Espírito Santo, era natural que surgisse sobre ele, sobre sua padroeira e sobre o próprio frei Pedro Palácios, fundador do santuário, um conjunto de lendas populares. Uma dessas lendas fala do desaparecimento, por três vezes consecutivas, do quadro de Nossa Senhora, que frei Pedro trouxera consigo, quando, em 1558, chegou ao Espírito Santo. E por três vezes o quadro foi encontrado no alto da penha, numa evidente revelação de que era ali que o frei deveria construir o convento, num ponto situado entre duas palmeiras. Por isso, a primeira igrejinha, que deu origem ao convento da Penha, foi conhecida com o nome de ermida das Palmeiras. Para sua edificação contou frei Pedro com a ajuda de moradores da vila do Espírito Santo. Outra lenda fala da fonte de Nossa Senhora que brotou no alto do penhasco, logo que a construção do convento teve início, possibilitando a realização das obras. A fonte estancou depois que as obras terminaram. É também conhecida a lenda de que frei Pedro Palácios vivia, na companhia de um gato e de um cachorro, na capelinha de São Francisco, que o frade construiu no campinho, no morro da penha. Conta esta lenda que, quando o religioso tinha de se ausentar do morro por algum tempo, deixava, para seus companheiros comer, tantos bolinhos de farinha quantos seriam os dias de sua ausência. E os animais comiam apenas cada uma das suas rações diárias, sendo a última delas no regresso do frei. Sobre a imagem de Nossa Senhora da Penha existe a lenda de que a pessoa a quem frei Pedro encarregou de fazer a sua encomenda, em Portugal, esqueceu de fazê-lo. Na véspera de voltar para o Espírito Santo, esse encarregado recebeu, de um desconhecido, a imagem de Nossa Senhora, esculpida em madeira de acordo com as indicações de Frei Pedro. Faz parte também do lendário da Penha a visão que tiveram os holandeses, no século XVII, quando, ao tentar assaltar o convento, foram impedidos por soldados a pé e a cavalo que desciam das nuvens, em torno do santuário, para fazer a sua defesa. Esta lenda serviu de inspiração ao pintor Benedito Calixto, para um dos quadros que se acha exposto na galeria ao lado da igreja do convento. Ali está também, do mesmo autor, um outro painel que tem por motivo a procissão marítima que conduziu a imagem de Nossa Senhora da Penha até Vitória, para acabar com a grande seca de 1769 que afetava a sede da capitania que estorricava as matas dos seus morros, enquanto a do convento se mantinha viçosa. Diz a lenda que, logo após a procissão, a chuva caiu.

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