segunda-feira, 9 de junho de 2008

AS TRANSFORMAÇÕES DO CONVENTO DA PENHA


I nforma frei Basílio Röwer, na obra Páginas de História Franciscana no Brasil (S.Paulo, Editora Vozes, 1957), que depois que frei Pedro Palácios faleceu, em 1570 (e não em 1575, como consta de alguns registros), a ermida de Nossa Senhora da Penha foi cuidada por devotos, amigos do seu fundador. Um deles, Nicolau Afonso, que ajudou também a frei Pedro na construção da capela, deu-lhe o formato arredondado e capacidade para umas trinta pessoas. Em 1585, o jesuíta Fernão Cardim, que esteve no Espírito Santo com outros padres inacianos, se refere à igreja da seguinte forma: "A capela é de abóbada pequena, mas obra graciosa e bem acabada. Aqui fomos em romaria dia de S.André e todos dissemos missa com muita consolação". Em 6 de dezembro de 1591, o morro da Penha, desde o sopé até o cume, foi, pela viúva do segundo donatário Vasco Fernandes Coutinho Filho, Luíza Grimaldi, que governava a capitania, doado à Ordem Franciscana, com autorização da câmara da vila do Espírito Santo.
Sob a administração dos franciscanos, sediados na vila de Vitória, a capela já contava, em 1639, com casas para romeiros, além de um muro de proteção, em volta do cimo da rocha. Desse ano até 1643, o guardião do convento franciscano, em Vitória, ampliou a igreja de Nossa Senhora da Penha, promovendo ainda o calçamento da velha ladeira das Sete Voltas, que lhe dava acesso. Dez anos depois foram construídos a capela do corpo da igreja e mais um altar lateral que impediram a passagem ao redor do santuário, inclusive de pequenas procissões que ali se faziam.
O convento propriamente dito teve sua pedra fundamental lançada em 1651, sendo o guardião Francisco da Madre de Deus o iniciador de suas obras. A planta original previa a construção de nove celas para os religiosos e duas para hóspedes, além de corredores e oficinas (cozinha, despensa etc.), estando condicionada à configuração do rochedo onde o convento se situa. Para a realização das obras, foram essenciais a doação e a ajuda que os franciscanos receberam, notadamente da parte do governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides (30 novilhos), doação mantida pelos descendentes do governador até 1848 e que gerava renda para o convento. A partir de 1750, novas obras se acrescentaram às já existentes, que aumentaram a capacidade conventual para o recolhimento de um número maior de frades. Mais reformas ocorreram em 1770 e entre 1774 e 1777, incluindo um novo calçamento da ladeira com o levantamento dos seus muros, na forma em que ainda hoje estão. No século XIX, obras importantes tiveram lugar durante a guardiania de frei João Nepomuceno Valadares, nos períodos de 1853/1857 e 1859/1862, dentre as quais a reforma do telhado e a da capela, além da reconstrução das senzalas dos escravos.
O atual alpendre, que dá acesso ao corpo da igreja, de cujo estilo destoa, data de 1879. Antes do convento e do santuário da Penha passar, por determinação da Santa Sé, em 1898, para a Mitra Diocesana do recém criado Bispado do Espírito Santo, outras melhorias se realizaram de 1888 a 1890 e de 1895 a 1896. Na administração da Mitra, continuaram a ser feitas reformas, como a instalação de água e de luz elétrica. Em 1951, no governo Jones dos Santos Neves, deu-se a pavimentação do campinho e da estrada de rodagem que lhe dá acesso. Hoje o convento, que retornou à guarda dos franciscanos desde 1955, conta com instalações elétricas externas, que o iluminam à noite, e com instalações sanitárias modernas, além do serviço de telefone e de alto falante. Recentemente foi aprovada a construção de um teleférico para o transporte de visitantes até o campinho. O convento de Nossa Senhora da Penha é bem tombado pelo Patrimônio Histórico no Espírito Santo.

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